A minha infância foi feliz na maior parte dela. Descobri muita coisa naquela fase. isto é muito natural, eu sei. Falo da pureza que experimentei das coisas que lembro hoje. Durante um tempo meu pai estava lá. Quase sempre. Embora eu lembre mais da minha mãe. Ela me dava revistas em quadrinhos e alimentava o meu desejo por elas. Eu adorava. Lembro do meu pai desenhando rostinhos e eu tinha muita vontade de fazer parecido. Depois ele passou a aparecer com menos frequência e minha mãe arranjando desculpas. Vez em quando ela saía para buscá-lo. Um dia ela viajou e uma cunhada do meu pai tomou conta de mim. Foi um dos piores momentos da minha vida. Aquela maluca tomou conta de mim. Fiquei numa rede todos os dias em minha mãe ficou longe. Nunca me esqueci de pedir a Deus que ela voltasse logo para eu ganhar a minha liberdade. Acho que aprendi assim a desejar a liberdade. Eu era puro, tinha mais ou menos cinco anos e entendia que era melhor ser livre. Quando minha mãe voltou, eu contei tudo o que tinha acontecido. Ninguém lembra mais disso. Porque os adultos esquecem e quem apanha na vida não esquece. O destino não foi muito legal com aquela mulher. Hoje ela é doente, louca e rejeitada. Minha mãe nunca mais me deixou sozinha com ela. Eu esqueci o rosto dela, mas não esqueci o que aconteceu.
18-03-2013
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